Era uma manhã ensolarada de segunda em Nay Pyi Taw, capital de Mianmar, no Sudeste Asiático. A professora de ginástica Khing Hnin Wai dançava para a câmera, fazendo movimentos coordenados ao som de música eletrônica.
Mas aquele não era um dia qualquer: atrás dela, um comboio de veículos blindados passa rumo ao Parlamento do país para dar um golpe militar.
Aung San Suu Kyi – que ocupava o cargo de conselheira, equivalente ao de primeira-ministra – e outros líderes de seu partido democraticamente eleitos foram detidos acusados de fraude eleitoral em sua recente vitória nas urnas.
Mas a professora Khing Hnin Wai não sabia disso, e depois publicou seu vídeo no Facebook. A postagem viralizou, com muitas pessoas comentando sobre o surreal casamento entre os movimentos frenéticos dela e a ação militar.
“A cena do fundo e a música meio que combinam”, ela escreveu na postagem original. “Eu estava filmando o vídeo para uma competição antes das notícias sobre a manhã surgirem”, contou.
Em outra postagem no Facebook, a professora afirmou que a rotatória onde estava vinha sendo seu local favorito para dançar “nos últimos 11 meses”. E para provar, postou outros vídeos fazendo movimentos similares no mesmo lugar.
Também se defendeu das críticas de apoiadores dos militares: “Eu não estava dançando para zombar ou ridicularizar qualquer organização, ou para fazer palhaçada. Eu estava dançando para uma competição de dança aeróbica”, escreveu.
“E não é incomum vermos um comboio de veículos oficiais em Nay Pyi Taw. Eu achei que era normal, e por isso continuei.”
O vídeo correu o mundo, rendeu muitos memes e repercutiu especialmente na Indonésia por causa da música usada por Khing Hnin Wai.
Chamada “Ampun Bang Jago”, a música ficou popular no país vizinho no ano passado ao virar uma espécie de hino de protesto no TikTok, principalmente para zombar de autoridades.
Mas a professora diz que essa é apenas mais uma coincidência.
Curtiu? Inscreva-se no canal da BBC News Brasil! E se quiser ler mais notícias, clique aqui: www.bbc.co.uk/portuguese
#BBCNewsBrasil #Mianmar #GolpeMilitar